Poesia

20-06-2012 23:26

Para um desfrute que arrebata a alma:

Não Sei

(Cora Coralina*)

Não sei... se a vida é curta ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
Mas que seja intensa, verdadeira, pura... Enquanto durar"

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(*) Cora Coralina (1889 - 1985), pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Breta, mulher simples, doceira de profissão. Nasceu na Cidade de Goiás, viveu longe dos centros urbanos e literários, além da pouca escolaridade, já que cursou somente as quatro primeiras séries. É considerada uma das principais escritoras brasileiras, tendo lançado seu primeiro livro aos 76 anos de idade (Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais). Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo no qual estava inserida, e ainda compreender o real papel que deveria representar, tentou buscar respostas no seu cotidiano, o que lhe permitiu descobrir o quanto a simplicidade pode ser o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito.

 


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