Quanto custa ser feliz?

01-09-2010 17:32

 

A Revista Galileu deste mês de setembro traz na capa a sua matéria principal sobre a felicidade. Reproduzimos abaixo um trecho que resume todo o seu ponto de vista. A advertência: "Não é autoajuda, é ciência!", é justificada na própria capa com termos referentes ao discurso já consolidado do que é ciência, especialmente com o uso da palavra cérebro. É nele realmente que tudo está segregado, inclusive a felicidade? Leia e reflita.

"Pesquisas recentes mostram que nosso cérebro se engana quando sonha que uma casa na praia, um carro novo ou uma grande paixão nos deixariam mais satisfeitos. Mesmo sem nada disso, dizem os cientistas, estamos fadados à felicidade.

O que faz você feliz? Responda rápido. Vamos. Se pudesse escolher a melhor coisa para acontecer com você agora, provavelmente diria que era ganhar na loteria, certo? Aí poderia comprar um carro novo, aquela casa dos sonhos, fazer uma viagem luxuosa, parar de trabalhar. E seria muito mais feliz. Pode até ser verdade, mas essa sensação não duraria muito. Após décadas pesquisando o assunto, psicólogos, neurocientistas e economistas chegaram à conclusão de que o dinheiro traz felicidade, sim, mas não tanto quanto imaginamos. E quem gasta muito acaba prejudicado na hora de aproveitar pequenos prazeres essenciais à boa vida, como jantar fora na companhia dos amigos ou saborear lentamente uma barra de chocolate.

As mais recentes descobertas no campo da ciência não se voltaram contra o dinheiro. Elas propõem, na verdade, uma relação diferente com o saldo bancário e uma nova maneira de distribuir os gastos do mês. Indicam que devemos priorizar investimentos que trazem boas experiências e relacionamentos em vez de grandes tacadas. Em junho, pesquisadores das universidades de Harvard e de Virginia, nos Estados Unidos, e de British Columbia, no Canadá, divulgaram um estudo com o sugestivo nome: “Se o dinheiro não te faz feliz, então você não está gastando direito”. Eles questionam o fato de que, se grana traz essa alegria toda, por que é que os milionários não estão mais felizes do que a média da população mundial? A resposta é que a maioria de nós não faz ideia de quais são os gastos que realmente trarão o contentamento que esperamos. “Recentemente comprei um par de botas de R$ 3 mil”, diz a estudante Mayara Turquetti, 23 anos, que nunca teve que se preocupar em comparar preços, ao descrever uma tarde de compras comum em seu dia a dia. “Depois de algum tempo, as botas já estavam encostadas no fundo do armário, junto com tantas outras que tenho. E eu não estava mais feliz”, afirma. “É legal entrar em uma loja sem olhar o preço, mas no final das contas o que me faz melhor hoje é passar tempo com as pessoas de que gosto.” Mayara concluiu, sozinha, o que os pesquisadores estão tentando nos mostrar. Gastos exorbitantes não tornam ninguém mais feliz no longo prazo. Ao contrário, dizem os cientistas, pagar por uma refeição especial, cursos de idiomas ou viagens curtas trariam muito mais retorno para a construção da felicidade duradoura, pois nos ajudam a estabelecer conexões pessoais." (Trecho da reportagem de Priscilla Santos)


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