- Djalma Argollo -
Tudo o que existe mostra dois comportamentos típicos: a) a criação de formas e maneiras de ser, as quais lhes proporcionam a geração de condições e veículos necessários à atualização de suas potencialidades, que é o que faz a evolução; b) o de se associar a outros princípios inteligentes pra gerar sistemas de convivência, os quais são igualmente criadores de formas e maneiras de existir.
A energia sexual é uma das formas de manifestação do arquétipo criativo da alma. Ao ser criado, o princípio inteligente o recebe, juntamente com outros arquétipos, o qual é especializado na geração do impulso criativo que proporcionará o desenvolvimento do ser, em múltiplos aspectos. A energia sexual se manifesta em todos os aspectos da existência, quer na matéria inorgânica, quer na orgânica.
Na matéria inorgânica, apresenta-se na capacidade de associação: desde as formas primordiais: supercordas, as quais concentram em si formas de energias, que aparecem com quarks; estes, por sua vez se associam para formar as demais partículas que se agregam para formar o átomo, os quais se agrupam e formam as moléculas.
Em todos esses níveis, podem-se notar a presença de forças que atraem as partículas para criar novas coisas, e elas podem ser denominadas de energia, ou força sexual, pois têm a mesma função: gerar o novo.
No final do cambriano, aparece a cópula, a forma de reprodução sexual que acontece pela inserção do pênis do macho na vagina da fêmea, e a colocação aí do esperma, o qual vai promover a fecundação do óvulo, o qual vai formar a primeira célula, e desta, por sucessivas meioses, a formação do embrião. Durante um tempo variável, o embrião se desenvolve para, ao final da gestação, ser expelido, ou seja, nascer.
É importante notar que a fecundação sexual acontece das mais variadas formas, tanto entre animais como vegetais. São tão diversificadas essas formas que podemos afirmar que tudo o que hoje é denominado de “desvio sexual” entre humanos, são formas normais de prática sexual, experimentadas pelo espírito durante sua passagem por alguns dos diversos filos que antecedem à humanização.
O sexo, entre quase todos os seres do mundo animal, acontece das seguintes maneiras: a) pela necessidade de reprodução, ou seja, pelo instinto sexual; b) por mera busca de prazer, como na masturbação e nos acasalamentos homossexuais; c) entre os seres humanos acontecem as formas citadas, mais a elas se agrega outros fatores como a paixão e o amor. (Chamo atenção aqui para o fato de haver uma variedade do lagarto Teiú, na qual somente existem fêmeas, que se reproduzem por estimulação homossexual, a qual induz à partenogênese, sem a necessidade de qualquer instilação de sêmen).
“Os Espíritos têm sexo? ‘Não da maneira como entendeis, pois os sexos dependem da organização física. Existe entre eles amor e simpatia, mas fundados na afinidade dos sentimentos’.” (O L. E. questão 200). Esta resposta dos espíritos nos leva a entender o fenômeno descrito por essa outra que se lhe segue: “O Espírito que animou o corpo de um homem pode, numa nova existência, animar o de uma mulher, e vice-versa? ‘Sim, são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres’.” ( O L. E. questão 201).
Assim, podemos inferir que a energia sexual no espírito é única em si mesma, mas com a possibilidade de se expressar tanto numa estrutura fisiológica masculina, quanto feminina. Somos forçados a concluir, pois, que o que determina o sexo são os fatores hereditários, aos quais o espírito reencarnante é submetido. Com exceção, é claro, dos casos, que são minoria, das reencarnações planejadas.
É importante verificar que existem fatores físicos e psíquicos a agirem sobre a vida sexual dos indivíduos. O meio pode forçar uma tendência sexual que não está de acordo com as características fisiológicas, como sejam: o assexualismo, o homossexualismo (episódico ou permanente), o travestismo e o bissexualismo (que acontece em algumas espécies de cobras).
Estudando o comportamento sexual dos animais, encontramos essas práticas sexuais como maneiras de ser. Inclusive o hermafroditismo, que permeia todo o reino vegetal, e existe entre muitos seres animais.
Podemos concluir que as formas das forças sexuais da alma se manifestarem são diversificadas, e merecedoras de uma análise mais acurada e sem preconceitos, pois todas as nossas vivências passadas, próximas ou remotas, permanecem agindo em nós, incitando os comportamentos sexuais mais diversos e diferenciados.