- Lúcia Loureiro -
Tenho acompanhado, com tristeza, o que a mídia tem noticiado a respeito da onda avassaladora que nos atinge, atualmente, tal qual um tissunami de grandes proporções. Pessoas famosas, aparentemente felizes e invejadas por muitos que gostariam de estar no seu lugar, mas que, nos bastidores, enfrentam problemas terríveis para manter a sua posição de destaque. Sem esquecer da multidão de anônimos que vagam como farrapos de gente pelas vielas escuras. Refiro-me ao consumo de drogas ilícitas que, cada vez mais, são oferecidas à Humanidade, destruindo pessoas de diversas faixas etárias e diferentes classes sociais, sem que se possa encontrar uma maneira eficaz de conter tal pandemia. É uma tragédia que se anunciava há longo tempo e que, lamentavelmente, já pode ser considerada fora de controle.
Mais do que as guerras e as catástrofes naturais, as drogas têm provocado mortes a todo instante em várias partes do mundo. Crimes de ordem diversa são cometidos a todo instante, em razão da loucura pelo seu consumo ou da ambição dos que locupletam os próprios cofres com a sua venda. Está comprovado que, na economia mundial, o comércio de drogas se encontra em terceiro lugar, só perdendo para a indústria petrolífera e a venda de armas. Os alvos do tráfico são pessoas ricas ou de baixa renda, educadas ou o simples ruralista; ninguém está a salvo do assédio dos que movimentam o negócio criminoso.
Há algum tempo, escrevi um artigo, em que me referi aos efeitos danosos causados por uma droga, de aparência inocente, adotada por uma seita religiosa, chamada “Santo Daime”, que se proliferou pelo Brasil. Os participantes a usam com o beneplácito das autoridades, pois faz parte de seus ritos. Ela é ingerida, em forma de chá, enquanto os prosélitos entoam cânticos, dançam e entram em transe. Recentemente, os meios de comunicação deram notícia sobre um rapaz esquizofrênico, participante da referida seita, que assassinou um líder de um desses templos por motivos inexplicáveis.
Mas, como disse, o início da tal catástrofe vem de há muito tempo. Lembro-me de que, ainda criança, assisti a filmes nacionais em que os morros do Rio de Janeiro eram considerados locais poéticos e aprazíveis. Homens e mulheres subiam e desciam suas ladeiras cantando as músicas de famosos compositores brasileiros, como Noel e Cartola. Embora também ainda acolham pessoas honestas, quem imaginaria naquela época, que, anos mais tarde, tais comunidades sediariam as quadrilhas do tráfico?
Muitas celebridades, principalmente da classe artística, têm interrompido sua carreira e sacrificado seus talentos no altar de drogas pesadas, cada vez mais deletérias. A sociedade atônita e inerme tem acompanhado a luta desesperada de indivíduos, muita vezes inglória, para se libertar do vício. As garras poderosas da química, porém, escravizam sua vontade, não lhes dando chance de salvação. Barbitúricos, anfetaminas, cocaína, heroína, crack e outras cada vez mais poderosas não param de surgir para sugar vidas, tais e quais vampiros sequiosos. Poucos conseguem se libertar delas e voltar à vida normal, para a felicidade de famílias já bastante desgastadas pelo sofrimento. Para outros, a maioria, as recaídas se repetem até o amargo fim, principalmente naqueles em que a predisposição para a droga é uma doença. Pergunta-se? Serão suicidas? São vítimas da sociedade em desintegração? Falta de perspectiva de vida? A carência de dinheiro ou o excesso dele? A fama alcançada ou o declínio dela? Tudo poderá ser pretexto, mas como saber a verdadeira causa?
O fato é que estamos todos impotentes diante de tanta desgraça. A vida está cheia de tristes exemplos. O cantor/ator Michael Jackson foi um dos que foram levados pela avalanche que destrói os artistas, devido à vida que levam e às pressões do ambiente cruel de que fazem parte. Era um bom garoto que teve uma infância difícil, mas cresceu e deparou com as dificuldades da vida. Diante do caminho que trilhou, tornou-se uma pessoa melancólica, depressiva, angustiada e com frequentes “crises de pânico”. Não tinha amigos; desconfiava de todos que dele se aproximavam. Vivia procurando algo que lhe desse paz de espírito. Os fatos espirituais e o “sobrenatural” sempre o atraíram. O seu biográfo J. Randy Taraborrelli (in: Michael Jackson-A magia e a loucura) revela:
“Na mesma semana [1994], Michael ficou aborrecido com artigos nos jornais que sugeriam que, se Elvis Presley estivesse vivo, não aprovaria o casamento [de Michael com a sua filha Lisa] (…).
E Michael diz:“Acho que nós precisamos comprovar isso”. E sugere
“que ele e Lisa participassem de uma sessão espírita para entrar em contato com o Rei. Ele falava sério. Disse a Lisa que tinha amigos que conseguiam se comunicar com os mortos, e que eles poderiam conseguir que ele e Lisa conversassem com Elvis e lhe perguntassem sua opinião sobre a união.” (p. 532). Prova de que os assuntos espirituais não lhe eram desconhecidos. Mas, Lisa não aceitou.
Posteriormente, as drogas passaram a fazer parte da vida do superstar, levando-o à morte prematura devido à decadência do corpo físico.
Na década de1960, a imprensa espírita mundial tratou da trágica morte da atriz norte-americana Marilyn Monroe (1926-1962). Na época, o veredito legal foi um “provável” suicídio por over dose de barbitúricos. Posteriormente, duas comunicações da morta contradizem o fato. A primeira, recebida pelo médium, também norte-americano, John Myers, que a conheceu pessoalmente; outra, pelo médium brasileiro Francisco Cândido Xavier. Em ambas ela foi taxativa: “– Eu não cometi suicídio!”
Myers, médium psicógrafo e de cura, era industrial em New York e foi apresentado à estrela por amigos comuns. Na época, eles moravam nessa cidade e, vêm a saber, que foram vizinhos também em Connecticut. Na época, revelou Myers, Marilyn demonstrava profundo esgotamento nervoso. Apresentava um olhar distante e um modo de falar estranho. Percebendo sua situação, Myers aconselhou-a a não tomar drogas nem pílulas suporíferas. Propôs-lhe, então, um tratamento espiritual. E Marilyn aceitou se submeter ao tratamento dispensado por Myers, que lhe deu uma série de passes (imposição de mãos). Aos poucos, ela se tornou uma pessoa mais calma. Porém, os compromissos artísticos era frequentes e Marilyn estava realmente enferma. Os diretores de cinema ignoraram suas queixas. Com o tempo, ela se tornou uma pessoa solitária, sem amigos e incompreendida pela crítica que a considerava apenas uma bela mulher, sem nenhum conhecimento intelectual. Entretanto, a verdade era bem outra: Marilyn apreciava a obra de Freud, lia poetas ingleses e assistia a palestras espíritas, como a do conferencista dr. Gilbert Holloway quando abordou aspectos diversos do Espiritismo, seu desenvolvimento e impacto na sociedade humana.
Na noite de 29 de abril de 1966, em visita a Los Angeles (EEUU), Francisco Cândido Xavier recebeu uma mensagem da estrela. Ao consultar o Espírito Marilyn Monroe sobre seu “provável suicídio”, o médium recebeu a seguinte resposta:
“A tese do suicídio não é verdadeira como foi comentada, acentuou ela sorrindo.
Os vivos falam acerca dos mortos o que lhes vem à cabeça […]. Em verdade, na época, me achava em profunda depressão. Desde menina sofri altos e baixos em matéria de sentimento, por não saber governar minha liberdade... Depois de noites horríveis, nas quais me sentia desvairar, por falta de orientação e de fé, ingeri, quase semiconsciente, os elementos mortíferos que me expulsaram do corpo, na suposição de que tomava simples dose de pílulas mensageiras do sono...”
De qualquer forma, a morte, no caso das drogas, é considerada suicídio indireto, pois as próprias vítimas malbarataram suas forças físicas, nesses casos em nome do prestígio. São histórias de vida semelhantes com o mesmo melancólico fim... Creio que, em tudo isso, se encontra a falta de um apoio espiritual. A visão de vida de que nada mais existe além do plano material e nada mais possuímos além de corpo acarreta para o Homem crises de depressão, desespero diante das dificuldades, melancolia, entre outros sentimentos destrutivos que, aliados ao uso de drogas, se acentuam. A sensação do vazio, do nada existir além da matéria, provoca profundos tormentos na alma humana que ignora o seu destino e não encontra escapatória para seus sofrimentos. Às vezes, no auge do desespero, o indivíduo procura uma ajuda, mas nem sempre encontra quem lhe estenda a mão, nem a orientação exata. Diante da ignorância do verdadeiro sentido da vida, pregam os materialistas que certo é usufruir o máximo de prazeres, embora muitas vezes falsos e ilusórios, para não se perder a oportunidade de tudo possuir e de tudo gozar a qualquer custo.