- Lúcia Loureiro -
O Espírito, no estado originário, não tem sexo definido, mas, ao encarnar, vai animar um corpo de homem ou de mulher, conforme as experiências por que tem de passar durante a vida na Terra. Caso o Espírito reencarnasse sempre em um determinado sexo, não saberia as provas e deveres específicos de ambos os sexos. O Homem é um composto de Espírito, perispírito e corpo, sendo o perispírito o elemento de ligação entre o primeiro e o último. No Espírito, estão localizados os centros de força denominados chakras, cujos correspondentes, no corpo físico são os plexos. Os chakras e o plexos estão ligados entre si pelos cordões fluídicos. Cada um desses pontos, seja chakra ou plexo, administra determinados órgãos que compõem os corpos espiritual ou físico respectivamente.
No que se refere à área sexual física, predomina o PLEXO SACRO, situado na pequena bacia, limitado, à frente, pela pélvis, influenciando o ânus, a glande do pênis, o períneo, as nádegas, o clitóris entre outros no Espírito encarnado. Correspondendo ao PLEXO SACRO no corpo físico, temos o CHAKRA FUNDAMENTAL no corpo perispiritual, também chamado de MULADHARA pelos indus que o descrevem como uma hélice de 4 pétalas localizada no períneo (entre o ânus e os órgãos sexuais). Como um exaustor, possui uma força poderosa a que dão o nome de KUNDALINI. Ela tem, como função primordial, revigorar o sexo e pode ser canalizada para alimentar outros centros de força. Há, porém, uma advertência para o perigo da utilização dessa força por quem não tenha conhecimento, nem idoneidade, nem perícia para tal. Um desequilíbrio nessa área pode levar o indivíduo a desregramentos sexuais, como exacerbação das sensações ou, ao contrário, causar frigidez, insensibilizando, sobretudo as mulheres, e provocando, até, destruição de lares. Dessa situação aproveitam-se os Espíritos obsessores para também aumentar o gozo sexual e a insatisfação permanente que poderá levar o indivíduo a cometer crimes de fundo sexual.
Na região central do encéfalo, encontra-se a glândula pineal. Conhecida pelos gregos como CONARIUM, exerce extrema importância no organismo, mantendo relações íntimas com as gônadas (glândulas sexuais). Do mesmo modo, ela exerce importante função no mais expressivo fenômeno do Universo: a criação da vida. Os antigos gregos consideravam a pineal “a sede da alma”, a glândula da vida espiritual. Na área sexual, as gônadas são responsáveis pelo funcionamento e desenvolvimento dos órgãos sexuais. O desequilíbrio de suas energias causam o sexo desenfreado e comportamentos aberrantes nessa área, a exemplo dos estupradores e pedófilos que agem de forma perversa contra vítimas indefesas somente para satisfazer seus instintos bestiais.
As gônadas constituem os aparelhos genitais masculino e feminino e são servidas pelos nervos oriundos do PLEXO SACRO. No homem, compreendem os testículos, que produzem os espermatozoides; na mulher, são constituídos pelos ovários, que produzem os óvulos, e órgãos anexos. Essas áreas são as preferidas pelos espíritos desequilibrados que influenciam os encarnados através do CHAKRA FUNDAMENTAL (obsessores) ou do CHAKRA ESPLÊNICO (vampiros). Quando o indivíduo é muito animalizado e mantém uma afinidade moral com o mesmo tipo de Espírito, esse pode levá-lo a praticar abusos sexuais inimagináveis ao tempo em que se locupleta de sua vitalidade. Força-o a estabelecer ligações sexuais de baixo teor vibratório jamais satisfeitas, obrigando-o a praticar o ato sexual repetidas vezes. Torna-o, portanto, num obcecado pelo sexo.
Geralmente quando o indivíduo é assediado por um Espírito do sexo oposto com um profundo sentimento de posse pela vítima, seus sistemas hormonais são afetados. O obsessor provoca desequilíbrios de toda ordem nos aparelhos genitais do homem ou da mulher, chegando a exercer uma verdadeira possessão sobre o ser encarnado. Não é raro ocorrerem conflitos entre parceiros matrimoniais ou seus parentes próximos, com destruição de relacionamentos, uma vez que o Espírito maldoso geralmente odeia os cônjuges, às vezes sem nenhum motivo e muitas vezes por causas oriundas de outras vidas. Tem-se observado em trabalhos mediúnicos que entidades desse jaez provocam sempre grande perturbação familiar e desequilíbrios no que diz respeito à área sexual. Somente um tratamento espiritual sério e se possível em fase inicial pode auxiliar na cura desses males que atingem grande parte da Humanidade que muitas vezes ignora a sua existência.
Todavia a função principal das gônadas é das mais importantes: a produção de corpos para a reencarnação de Espíritos e, desse modo, contribuir para o progresso do Universo. O homem e a mulher são co-criadores da obra divina, possibilitando a procriação da espécie. Para isso, Deus dotou o Homem de sentimentos amorosos elevados que são cultuados e desenvolvidos, conforme o livre arbítrio de cada um na união de casais em que impera o respeito e o desejo de constituir família o que é muito natural e saudável. A abstenção do sexo nem sempre é indício de virtude. A sexualidade praticada pelos casais que se amam nada tem de imoral. Os Espíritos que participaram da codificação da Doutrina Espírita, em esclarecimento a Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, afirmam que o celibato voluntário não é considerado como perfeição aos olhos de Deus. Os que assim decidem viver, apenas por egoísmo, “desagradam a Deus e enganam todo mundo” (KARDEC, Allan, p. 281). Portanto não há nenhum mérito nessa opção de vida, excetuando-se, apenas, os que renunciam às alegrias da família em benefício da Humanidade. Herculano Pires, reportando-se à Idade Média quando os povos eram dominados pelo poder absoluto da Igreja, lembra que
“...o misticismo favoreceu as manifestações vampirescas nos conventos e mosteiros, com o episódio dos íncubos e súcubus, demônios sensuais que atormentavam frades e freiras [muitos deles prováveis médiuns], na suposta santidade dos mosteiros e conventos, não raro levando-os à loucura, ao suplício das flagelações e das práticas do exorcismo. E ainda hoje, no mundo inteiro, o flagelo do vampirismo ronda e devasta os campos minados do misticismo religioso, onde resíduos da formação igrejeira superam o racionalismo.”
Uma vez que a faculdade mediúnica tem fortes ligações com o corpos físico e espiritual através dos plexos e chakras, muitos médiuns, em reuniões de desobsessão, queixam-se de incômodos nas áreas sexuais durante certas manifestações psicofônicas. Os indivíduos que não são médiuns recebem influência dos Espíritos, porém não distinguem os emissores invisíveis delas nem têm condições de transmiti-las. As ideias ficam confusas e as sensações, indefinidas. São por isso considerados “condensadores fixos”, enquanto os possuidores de faculdade mediúnica são como “condensadores variáveis” com capacidade de perceber, de forma distinta, as comunicações emitidas por cada Espírito. Quando um médium, em trabalho de desobsessão, recebe influência de Espíritos perturbados que se ligam através do CHAKRA FUNDAMENTAL, ele experimenta vibrações bastante incômodas em sua região sexual, acompanhadas de sensações profundamente desagradáveis e doloridas que se expandem pelas nádegas e membros inferiores, dificultando-lhe, às vezes, a locomoção após o transe. Nesse caso, é aconselhável que o dirigente da reunião evite que o médium receba outra comunicação espiritual logo em seguida, orientando-o a orar até que se recupere e reequilibre os centros nervosos atingidos. Um Espírito de baixo teor vibratório, a fim de satisfazer-se, excita o ânus ou a vagina do indivíduo, provocando, da mesma forma, comichão e excitação nervosa bastante irritáveis nos médiuns.
A desobsessão é um serviço de caridade a pessoas que sofrem esse tipo de assédio pertinaz de entidades das sombras que necessitam de um esclarecimento e que, dificilmente, libertariam sua vítima sem um atendimento espiritual de atração mediúnica. É indicado que não se deve provocar nos médiuns a abertura do CHAKRA FUNDAMENTAL. Alguns médiuns já trazem os chakras abertos; são os chamados “espontâneos”. Esses não podem se afastar de reuniões mediúnicas por muito tempo, pois o exercício da faculdade, pelo menos uma vez por semana, funciona como uma catarse que alivia as tensões provocadas pelo assédio dos Espíritos.
É inegável, portanto, a ligação que o sexo tem com o exercício da mediunidade, principalmente quando suas forças são canalizadas para auxiliar o próximo. Também já se observou a sua interferência nos fenômenos de materialização de Espíritos. Na administração do passe, em auxílio a doentes e necessitados de amparo espiritual, os fluidos nervosos transferidos das regiões genitais do passista para socorro aos enfermos exercem, efetivamente, a recriação da vida. Nos casos em que a saúde esteja prestes a extinguir-se, as energias sexuais, bem administradas, revigoram o enfermo e se reverterão ao médium em forma de saúde e harmonia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Editora IDE.
JACINTHO, Roque. Passe e Passista. Edicel.
PASTORINO, C.Torres. Técnica da Mediunidade. Editora Sabedoria.
PIRES, J. Herculano. Vampirismo. Editora Paidéia Ltda.